quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Eu amo as duas

Qual é o Homem que não
tem hoje duas mulheres?

Sou pessoa de respeito
Quero ser respeitado
Não me podem pôr defeito
Por outra estar apaixonado

Minha esposa tanto me ama
Disso me tem dado prova
Eu já deitei na minha cama
A minha amada mais nova

Á mais nova lhe dou dinheiro
Compro-lhe o melhor vestido
Para mim está sempre primeiro
Dela não tiro o sentido

Faço a minha obrigação
Amo a minha esposa querida
Mas a outra é a minha paixão
Por ela dou a minha vida

Dois amores dois desejos
Minha vida duas amantes
Á mulher lhe dou beijos
E á mais nova dou brilhantes

Dou-lhe tudo o que ela quer
No corpo dela tudo brilha
A mais velha é minha mulher
E a mais nova é minha filha

Autor Jaime S. Guerreiro
8/12/2010

domingo, 14 de novembro de 2010

O BOCAGE


Comprou um corte de fazenda
Do tecido mais barato
Esperou pela ultima moda
Para mandar fazer o fato.

Andou com a peça ás costas
Para toda a gente ver
Até faziam apostas
Que o fato não se iria fazer

Entrou em varias reuniões
Sobre o fato houve debate
Arranjou sempre soluções
Por não haver alfaiate

Setubal era a terra dele
Toda a gente o adorava
Todos se riam com ele
Das piadas que ele contava

Os anos foram passando
Com o fato por fazer
Sempre com a peça ás costa
Esperou pela ultima moda, até morrer.

Autor Jaime S. Guerreiro 14/11/2010

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A Solidão

Sinto-me tão sizinha
Sem ter uma companhia
Nem tenho uma vezinha
Perdi toda a minha alegria

Perdi meu pai e minha mãe
Perdi minha irmã e irmão
Eu já não tenho ninguem
Vivo na solidão

Já tenho oitenta anos
É o tempo que já vivi
Os anos foram passando
Mas o tempo eu nunca vi

Muita coisa por mim passou
Tristezas e alegrias
Mesmo assim como sou
Ainda gosto de fulias

Só o amor da minha vida
Sabia aquilo que eu sou
Hoje sinto-me perdida
Esse amor Deus mo levou

Tudo isto foi passando
É o destino da natureza
Hoje vivo pensando
Na solidão e na tristeza

Autor Jaime S. Guerreiro
1/11/2010

domingo, 24 de outubro de 2010

Desgarrada Saloia


Lavadeira de Caneças e o Saloio da Malveira
Já há muito tempo que se olhavam, sempre na mira um do outro, mas sempre com vergonha, um dia encontraram-se e lá vai disto, começaram na desgarrada, que acabou em casamento,

Ela
Venho agora da ribeira
É o meu tanque preferido
Por ser sempre lavadeira
Ainda não arranjei marido
Ele
Ó minha carinha marota
Ouça lá o que lhe digo
Se não quer lavar mais ropa
Você pode casar comigo
Ela
Ó seu saloio baboso
Não tenha ilusão
O senhor é tão idoso
Já não tem comichão
Ele
Mesmo com oitenta anos
Case comigo minha querida
Eu não lhe causo danos
Ainda tenho muita vida
Ela
Casar consigo era bom
Só se for pelas notas
Digo-lhe em bom tom
Já não pode com as botas
Ele
Ó menina tenha piedade
A aparência não diz nada
Mesmo com a minha idade
Você pode ficar cansada
Ela
É uma fartada de rir
Eu sou uma moça nova
Nem para a cama podes subir
Estás com os pés para acova
Ele
Casa comigo amorzinho
Faz a minha felicidade
Dá-me amor e carinho
Já pósso morrer á vontade
Ela
Ó amor tu és um santo
Eu até não tenho inveja
Dás-me as contas do banco
Podemos ir já á Igreja
Ele
Dou-te tudo o que tu quiseres
Promete casar comigo
Se falhar o que tu queres
Posso pedir a um amigo
Ela
Isso aí é um perigo
Também um grande sarilho
Mesmo assim caso contigo
Se ainda me deres um filho
Ele
Tratamos do casamento
E não fugimos á letra
Ainda te dou um rebento
Nem que seja proveta
Ela
Agora somos casados
Como vez não houve enganos
Ficaram todos admirados
De sermos felizes muitoa anos
Ela e ele
É a lavadeira de Caneças
É o Saloio da Malveira
Fizeram as suas promessas
Para a sua vida inteira.

Autor Jaime S. Guerreiro
24/10/2010

CHICO SALOIO


Sou o Saloio da Malveira
Com uma grande bebedeira
Gosto da pinga boa
Ás vezes bebo uns baldes
Aqui nos arrabaldes
Da Cidade de Lisboa

Eu ando sempre á rasca
Á procura duma tasca
Vagueando sempre sózinho
Entrei na tasca do Zé
Eu pedi-lhe água-pé
Ele disse que só tinha vinho

Só para me experimentar
Deu-me uma garrafa a provar
Para ver o que eu fazia
Eu a garrafa provei
Aconteceu não sei quê
A garrafa ficou vazia

Eu fui bem enganado
Quando fui convidado
Para a castanha e água-pé
Diziam que era fraquinha
Eu só bebi uma pinguinha
E já não me seguro em pé

Deram-me mais um penalto
Eu logo caí no asfalto
Espalhei-me no meio da rua
Eu rasguei a farrapela
Com uma grande piela
Mais parecia uma perua

Autor Jaime S.Guerreiro
24/10/2010

domingo, 3 de outubro de 2010

Já sei o que é o fado


Entrei num grande salão
Com xailes dependurados
Com violas e guitarras
Era uma casa de fados

Quiz saber o que era o fado
Perguntei a um amigo
São cantigas são poemas
Tudo isso faz sentido

Juntam-se palavras iguais
Até fazer a versão
E com palvras reais
Assim se fáz a canção

Apenas com alguns versos
E com palavras bizarras
E com fadistas diversos
Ao toque das guitarras

O som da viola levanta
Com a guitarra a trinar
E com boa voz na garganta
O fado pode-se cantar

Obrigado meu amigo
Meu amigo obrigado
Jamais ficarei esquecido
Já sei o que é o fado.

Autor Jaime S. Guerreiro
15/5/08

domingo, 25 de julho de 2010

A crise

A crise está espalhada
Pela Europa inteira
A uns não deixa nada
A outros limpa-lhe a carteira

Na crise não há igualdade
Com os impostos aumentando
O pobre com dificuldade
Com ou sem crise vai pagando

Ó crise tu és o terrôr
Ao pobre tiras o comer
Pões os ricos em pavôr
Pões o Mundo a tremer

Há que diga que a crise é má
Não podem tanto amealhar
A crise ao pobre não dá
Posses para poder ganhar

Temos os mesmos desgostos
Isto cada vez está pior
Se não fugissem aos impostos
O País estaria melhor

Eu com a crise me empenho
Só me tem dado prejuizo
Com a idade que eu tenho
Já não tenho o que é preciso.

Autor Jaime S: Guerreiro
18/7/2010

quinta-feira, 27 de maio de 2010

O SOL


Ó sol que nasces e te pões
Queimas pedras e torrões
Bendito sol ardente
O teu calor é muito forte
Queimas do sul ao norte
Deixas o país mais quente.

Ó sol tu és o reitor
A todos dás calor
A todos dás a vida
Sem o sol nada se cria
Sem o sol a terra é vazia
Com sol a terra é florida.

Só tu dás o calor
Só tu trazes o amor
E calor para toda a gente
Tu és a luz
A todos nos conduz
Tu és resplandecente.

Tu fazes sair o suor
Tu serves de cobertor
A qualquer um sem abrigo
Tu andas sempre quente
E aqueces toda a gente
Tu és um amigo.

Só tu alumias
Só tu tudo crias
Um calor tão profundo
Tu andas tão depressa
Não há nada que não aqueça
Quando dás a volta ao mundo.

JSGuerreiro

domingo, 16 de maio de 2010

O ceguinho

O proprio autor
cegou duma vista
aos quatro mezes.
2004 cegou da outra
Foi operado, hoje já vê.
Mas só de uma vista.

Olho para o espelho
E não me vejo
Não tenho amor
Não sinto desejo
não sei quem sou
nem de onde venho
nem para onde vou
não vejo os gestos dos meus braços
não vejo as marcas dos meus passos
não vejo a luz da lua
não vejo o barco que flotua
não vejo a sombra das árvores
essa sombra transparente
minha visão está ausente
sinto esta dor no coração
agarrei-me á oração
e a tudo quanto é crença
pedi ao médico e á ciencia
também pedi a deus
pedi a amigos meus
que me dessem um conselho
e agora já vejo
quando olho para o espelho