domingo, 24 de outubro de 2010

Desgarrada Saloia


Lavadeira de Caneças e o Saloio da Malveira
Já há muito tempo que se olhavam, sempre na mira um do outro, mas sempre com vergonha, um dia encontraram-se e lá vai disto, começaram na desgarrada, que acabou em casamento,

Ela
Venho agora da ribeira
É o meu tanque preferido
Por ser sempre lavadeira
Ainda não arranjei marido
Ele
Ó minha carinha marota
Ouça lá o que lhe digo
Se não quer lavar mais ropa
Você pode casar comigo
Ela
Ó seu saloio baboso
Não tenha ilusão
O senhor é tão idoso
Já não tem comichão
Ele
Mesmo com oitenta anos
Case comigo minha querida
Eu não lhe causo danos
Ainda tenho muita vida
Ela
Casar consigo era bom
Só se for pelas notas
Digo-lhe em bom tom
Já não pode com as botas
Ele
Ó menina tenha piedade
A aparência não diz nada
Mesmo com a minha idade
Você pode ficar cansada
Ela
É uma fartada de rir
Eu sou uma moça nova
Nem para a cama podes subir
Estás com os pés para acova
Ele
Casa comigo amorzinho
Faz a minha felicidade
Dá-me amor e carinho
Já pósso morrer á vontade
Ela
Ó amor tu és um santo
Eu até não tenho inveja
Dás-me as contas do banco
Podemos ir já á Igreja
Ele
Dou-te tudo o que tu quiseres
Promete casar comigo
Se falhar o que tu queres
Posso pedir a um amigo
Ela
Isso aí é um perigo
Também um grande sarilho
Mesmo assim caso contigo
Se ainda me deres um filho
Ele
Tratamos do casamento
E não fugimos á letra
Ainda te dou um rebento
Nem que seja proveta
Ela
Agora somos casados
Como vez não houve enganos
Ficaram todos admirados
De sermos felizes muitoa anos
Ela e ele
É a lavadeira de Caneças
É o Saloio da Malveira
Fizeram as suas promessas
Para a sua vida inteira.

Autor Jaime S. Guerreiro
24/10/2010

CHICO SALOIO


Sou o Saloio da Malveira
Com uma grande bebedeira
Gosto da pinga boa
Ás vezes bebo uns baldes
Aqui nos arrabaldes
Da Cidade de Lisboa

Eu ando sempre á rasca
Á procura duma tasca
Vagueando sempre sózinho
Entrei na tasca do Zé
Eu pedi-lhe água-pé
Ele disse que só tinha vinho

Só para me experimentar
Deu-me uma garrafa a provar
Para ver o que eu fazia
Eu a garrafa provei
Aconteceu não sei quê
A garrafa ficou vazia

Eu fui bem enganado
Quando fui convidado
Para a castanha e água-pé
Diziam que era fraquinha
Eu só bebi uma pinguinha
E já não me seguro em pé

Deram-me mais um penalto
Eu logo caí no asfalto
Espalhei-me no meio da rua
Eu rasguei a farrapela
Com uma grande piela
Mais parecia uma perua

Autor Jaime S.Guerreiro
24/10/2010

domingo, 3 de outubro de 2010

Já sei o que é o fado


Entrei num grande salão
Com xailes dependurados
Com violas e guitarras
Era uma casa de fados

Quiz saber o que era o fado
Perguntei a um amigo
São cantigas são poemas
Tudo isso faz sentido

Juntam-se palavras iguais
Até fazer a versão
E com palvras reais
Assim se fáz a canção

Apenas com alguns versos
E com palavras bizarras
E com fadistas diversos
Ao toque das guitarras

O som da viola levanta
Com a guitarra a trinar
E com boa voz na garganta
O fado pode-se cantar

Obrigado meu amigo
Meu amigo obrigado
Jamais ficarei esquecido
Já sei o que é o fado.

Autor Jaime S. Guerreiro
15/5/08